sexta-feira, 2 de agosto de 2013

eternizada

Eternizei.
Fazia tempo que queria tatuar algo, desde os tempos de colégio. Já quis tatuar beija-flor, símbolo do infinito e flor-de-cerejeira. Ainda bem que esperei. Se bem que algumas dessas ainda me parecem tão, mas tão bonitas...
 Sabe aquela história de esperar pra fazer algumas coisas...
Minha tatuagem foi pensada com carinho. Ganhei do Rafa, de presente de aniversário em 2012. De lá pra cá, foram mais de 11 meses "pensando com carinho" em como aproveitar o presente que havia ganhado. Foram longos meses de tentativas de decisões. 
O tempo, pelo menos, serviu para amadurecer a ideia e fazer com que ela fosse realmente aquilo que eu queria eternizar. 
A frase? É o "miolo" de uma linda canção que faz vários questionamentos. E simplesmente diz que a resposta, meu amigo.... está soprando ao vento. De quem? Bob Dylan. 
Eis a letra. Aí embaixo. Para compartilhar o motivo de eu levá-la comigo pra sempre.

Quantas estradas um homem precisará andar
Antes que possam chamá-lo de homem?
Quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar
Até serem para sempre banidas?


A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento


Sim, e quantos anos uma montanha pode existir
Antes que ela seja dissolvida pelo mar?
Sim, e quantos anos algumas pessoas podem existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim, e quantas vezes um homem pode virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?


A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento


Sim, e quantas vezes um homem precisará olhar para cima
Antes que ele possa ver o céu?
Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter
Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar?
Sim, e quantas mortes ele causará até saber
Que pessoas demais morreram...

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento?
Tatuagem de Cristiano Gottselig Strieder

terça-feira, 2 de julho de 2013

o aconchego de dometila

Pra quem (como eu, antes) não tinha ouvido falar, Dometila de Castro Canto e Melo era a Marquesa de Santos, que viveu com Dom Pedro I na corte, como sua amante, e recebeu esse título pelo próprio amado. Mas não é do império que vou falar, não vai rolar aqui uma aula de história.
É que há um pedacinho do século 19 perdido em uma rua de Porto Alegre. Ou achado.
Esse pedacinho fica exatamente em frente à Praça Dr. Mauricio Cardoso, no bairro  Moinhos de Vento. É um pedacinho muito charmoso, chamado Dometila Café.
fotos: divulgação  facebook


O lugar, que leva o nome da amante de Dom Pedro, tem todo o ar de romantismo. Fica em um prédio discreto com uma fachada aparentemente antiga. Apesar de discreto, o lugarzinho chama tanta atenção que só o que ouvíamos quando as pessoas passavam em frente era "que barzinho legal". "olha, que bonitinho". "precisamos vir aqui".
O charme não fica só na meia luz, nas velas, no gramado sintético na calçada em frente ao bar e nas rosas naturais colocadas em um delicado vaso cima da mesa.
Quando você chega, é recebido por uma chuva de pétalas de rosa - e não é metáfora. Não é por acaso que verá várias pétalas no chão do restaurante.
O cardápio é quase uma obra literária e uma aula de história. Não é exagero e eu explico. Em meio aos lanches e cafés, há páginas em que se encontram cartas de amor escritas e dedicadas à dona do nome do restaurante,trocadas entre Dometila e o imperador. Os nomes dos pratos - os sanduíches são a especialidade da casa - são de pessoas da família de Dom Pedro e Dometila. A propósito, os pratos literalmente brilham: os sanduíches vêm enfeitados com purpurina comestível.
Precisa dizer mais?
Sim.
Pra completar a sequência de surpresinhas do lugar mais aconchegante que já fui, na despedida, caso for a primeira ida ao bar, você recebe uma rosa, "pela sua primeira vez". Quer mais charme?


Detalhe: você pode comprar o cardápio do bar, se simpatizar por ele. E se por acaso se apaixonar pela trilha sonora que deixa o bar  mais aconchegante, pode levar ela também.
Em resumo, o Dometila é, literalmente, um lugar que mexe com todos os sentidos. Tato, olfato, paladar, visão e audição são provocados por cada elemento, desde a trilha sonora até o gostinho dos pratos e o cheirinho das pétalas de rosa, que faz o lugar ter um charme especialíssimo, e pede - é claro - uma linda companhia.

Quer conhecer? Anota:

Praça Dr. Mauricio Cardoso, 49
Bairro Moinhos de Vento
Fone: 51 3346-1592
Dometila Café no Facebook

sábado, 6 de abril de 2013

o humor que chora

Aqueles carinhas que fazem, todos os dias, a gente enxergar pessoas com fones de ouvido rindo aparentemente sem motivo no trânsito, no ônibus, na rua, resolveram vir até Santa Maria hoje. Eles quiseram emprestar pra nós um pouco da alegria do Pretinho Básico, e se sentiram na dívida de nos entregar um pouco de humor depois de tanto peso triste e cruel desde o fim de janeiro.
Lá veio toda a tropa no início da tarde, instalou-se no prédio da reitoria e atraiu risadas, olhos curiosos, câmeras fotográficas, gritinhos histéricos...
E cumpriram a missão... Depois das 13h o Salão Imembuí ecoava de gargalhadas. Teve piada censurada pro horário - que escapou. Teve a aparição do Almir, do "Geiso", do "Faustão", as piadas velhas do Porã e as do Potter... rolou piada até com o reitor. Mas não foi só isso.
Hoje, durante o programa, depois que um pai falou sobre como estava levando a vida após a perda do filho na tragédia, eu vi uma cena simplesmente paradoxal. Que, penso, ninguém ali dentro imaginava ver.
Paradoxal? Sim. Alexandre Fetter escorou a mão sobre o rosto e desandou num choro (antes) contido. Chorou. Sim, o Fetter que brinca, solta palavrão e comanda os brincalhões, embargou a voz, engasgou, abaixou a cabeça, pausou e chorou. Poxa vida, ele mostrou que o Pretinho também chora. Os caras mais escrachados do FM gaúcho também entristecem. Também são complacentes, solidários. Eles também são pais, irmãos, amigos. Também sofrem e vieram chorar conosco. Claro, porque eles vieram sorrir conosco, vieram nos dar o riso que só eles proporcionam, mas nada mais solidário do que deixá-los chorar também, já  que ainda não tinham sentido de perto todo o turbilhão de sentimentos que rolam em Santa Maria, quando se cruza pela Andradas, quando se atravessa a Rio Branco, quando se entra na UFSM, quando se enxergam os prédios do Centro de Ciências Rurais, quando se abraça um pai que perdeu um filho, quando se vê rostos jovens daqui cheios de uma coisa linda chamada... vontade de viver.
Fetter chorou  e foi consolado, recebeu um afago e o abraço do pai que perdeu o Vinícius.
Fetter chorou e humanizou aqueles carinhas que algumas pessoas às vezes pensam que as vidas se resumem às piadas nas ondas do rádio. Fetter chorou e fez a gente chorar. E saiu daqui com abraços solidários.
Os pretinhos voltaram com a missão cumprida. O Fetter me disse que achava estranho dizer que estava alegre por fazer o programa aqui, em virtude de um fato triste. Não ache estranho, Fetter. Todos achamos alegre, mesmo sabendo o motivo. Porque eles, que não mais estão aqui, também achariam. Foi divertido. Feliz. Leve. Sorrimos. Era o que precisávamos. Tu nos emprestaste a alegria do Pretinho. Te emprestamos nosso ombro e solidariedade. Obrigada.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

searching for Rodriguez

Imagine um cara que faz um som muito, muito bacana que encanta qualquer amante de música boa. Mas você nunca viu o rosto dele. Tudo a seu respeito é envolto em mistério, não se sabe sequer o seu nome verdadeiro nem de onde a criatura vem. Mais: tudo o que se ouve é que o cara teve uma morte esdrúxula, tipo atear fogo no próprio corpo em cima de um palco no meio de um show. Então.
Não falo mais porque acabei de ler em uma crítica - e concordei - que quanto menos se souber de Searching for Sugar Man, melhor. O que posso dizer, sem estragar a surpresa de quem quiser assistir, é que o documentário (que levou o Oscar 2013 de melhor documentário) é sur-pre-en-den-te. Assisti sem saber nadinha. A única coisa que conhecia era uma das músicas da trilha (Crucify your mind), que me foi apresentada pelo Giulianno (que me passou o doc).
Estamos falando de Rodriguez, um "famoso desconhecido" de Detroit, que foi comparado a Dylan nos anos 70. Na África do Sul, segundo produtores musicais, chegou a ter mais sucesso que Rolling Stones.
Além da história, especial por ser originalíssima e real, a trilha sonora, do próprio Rodriguez, é demais. Músicas que, na época, foram um fracasso de vendas nos Estados Unidos, mas um boom arrebatador de sucesso na África.

Não lembro de ter visto documentário permeado de suspense como esse.


Podia falar mais, mas não quero estragar nada. Quem assistir, me chama pra uma conversa!


sexta-feira, 15 de março de 2013

soprando velinhas para unifra


Foi por acaso que entrei, em 2008, na Unifra. Meu objetivo ao vir para Santa Maria era, como qualquer estudante interiorana, cursar faculdade na universidade federal. Mas foi por conselho dos meus pais que resolvi prestar o vestibular para jornalismo na particular, e confirmar a vaga com a aprovação.
Durante o curso, tive toda a convicção do mundo de que me foi dada uma grande oportunidade. Entrei nos primeiros semestres com o olhar de quem quer devorar cada detalhe que vai conhecendo. Foi lá dentro que meus primeiros passos como repórter me foram oportunizados, com a participação no jornal experimental ABRA. Só eu sei dizer a alegria que tive em ver meu nome em uma página com textura de jornal impresso (ao lado do nome e da foto da Maiara. porque né?). Depois, a alegria de participar das reuniões semanais do jornal, que passou por um período de edições mensais (lá no início de 2009).
E claro que, para uma aluna não satisfeita com as tarefas de cada disciplina, meti-me na monitoria da Agência de Notícias (centralsul.org). Sim, o laboratório experimental está lá, todo a disposição dos acadêmicos. Com a professora Áurea Fonseca, mais oportunidades de me testar, reportar, trabalhar, ainda que sem extrapolar os muros da faculdade. Só que quem gosta não para. Foi a Unifra que me possibilitou a assessoria da Feira do Livro (em 2009 e 2010), com o Bebeto, e também do SMVC, em 2009. Mais aprendizado, dessa vez sentindo o gostinho de um evento para toda a cidade.
E o prazer em trabalhar como "formiguinha" na Feisma. Tudo culpa da, agora, coordenadora do curso, e pessoa a quem dedico uma admiração e carinho enormes (e ela sempre soube disso), Sione.
Além de tudo isso, não fosse a Unifra não teria nosso curta-metragem, que concorreu no SMVC 2011, com  a orientação da querida Kitta. Não teriam os fóruns de comunicação, as palestras e oficinas com nomes conhecidos do jornalismo, as coberturas da programação de aniversário de ZH, e tantos bons colegas, e tantos bons professores, que viraram colegas e amigos. 
Quero deixar registrada minha gratidão e meu desejo de vida longa ao Jornalismo da Unifra. Sou cria desse curso e encho o peito de orgulho por isso.
Um parabéns (a todos os que plantaram uma sementinha ou colheram bons frutos ali), do tamanho da alegria que tenho em fazer parte desta história.