sexta-feira, 17 de agosto de 2012

impotência do fim


É estúpido como a única certeza que temos na vida nos causa tanto aborrecimento quando nos deparamos de frente com ela. Ou ao nosso lado. Às vezes ela chega pra pessoas tão cheias de vida que é como se fosse uma traição. Um tiro pelas costas. Uma injustiça. Como pode? Mesmo sabendo que é a única saída de qualquer ser vivo neste mundo, não existe quem aja naturalmente diante dela, como se fosse algo tão rotineiro quanto tomar café da manhã – e estupidamente, é. E quando a dor é por alguém do convívio, ou apenas de perto de nós, o sentimento de solidarizar-se invade como se fosse dor da gente. Junto dela, a indignação, o aborrecimento por sermos impotentes diante disso, o intocável, irreparável, o inevitável fim.
Acompanhei pela internet e por comentários de conhecidos, a luta contra o câncer de um cara que parecia assim, cheio de vida. Tive a oportunidade de conhecê-lo no ano passado, durante o show do Pearl Jam em Porto Alegre. Só um oi, um sorriso e a piada, com um bom humor, mostrando a carequinha para o Rafa (eles foram colegas no Ensino Médio, em Santa Rosa): “É eu e o Gianechini!”. Ele estava tratando a doença com quimioterapia. No demais, não conhecia muito do Bernardo Rodrigues, mas percebi a garra que ele, a família e os amigos tinham para que melhorasse e saísse do pavor do câncer. No domingo passado, antes do jogo do Internacional (ele era fisioterapeuta das categorias de base do Inter), os jogadores fizeram uma corrente de homenagens e entraram em campo no Beira-Rio vestindo uma camiseta com a frase “Força, Ber”. Ele entrou nas minhas orações diárias. Tive a certeza de que ele teve força, e lutou até o fim. E agora, a família dele também entra nas minhas orações.
Sabe-se lá quais são as vontades do cara lá de cima. Talvez jamais se entenda a partida dolorosa de um cara de vinte e nove anos... A triste recompensa depois de tanta força, luta e fé... Como também, mesmo que haja a desculpa esfarrapada de que a vida é assim mesmo, jamais compreenderei porque esse ciclo precisa terminar assim. Mesmo quando quem parte são meus avós, com 93 anos bem vividos...
O que sobra a nós, reles impotentes diante de tanta adversidade imposta por algo supremo, além do nosso entendimento, é aquele conselho quase clichê, mas que sempre cabe...Valorizar os nossos. Viver, entender, respeitar, amar ... na máxima potência. Do resto, o Cara, lá em cima, se encarrega.

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