domingo, 4 de março de 2012

um brinde ao Tempo

A Vida da Gente me chamou a atenção já o primeiro capítulo, lá em setembro. Desde o elenco (Rafael Cardoso e Leona, os gauchinhos), até a trilha sonora (embalada por, entre outros, Paulinho Moska e Bob Marley) e os detalhes minuciosos das locações onde a novela foi gravada. De Gramado a Porto Alegre, passando pela cidade cenográfica no Projac, até as roupas de inverno que cada personagem vestia. As cenas que traziam a novela pra um sentimento "tô em casa": o Parque a Redenção, o parcão, as imagens aéreas da Capital, o Guaíba, o pôr-do-sol alegre de Porto...
Mas o mais lindo, sem sombra de dúvidas, foi o enredo. Tá certo que lá no meio da história, parece que a escritora se embananou e não decidia quem ficava com quem. Era um troca-troca das irmãs, um vai-e-vem dos casais que parecia não ter fim. Mas no fim das contas, acredito que a história tenha agradado a quem estava acompanhando desde o comecinho.

Depois da união pela doença de Julia, Rodrigo ficou com Manu, com quem passou pelas maiores dificuldades da vida, aprendendo a criar uma criança e sofrendo a ausência de Ana. Ana, paixão adolescente de Rodrigo, acabou no final das contas com quem passou com ela os seis anos de coma e a quem conheceu de olhos fechados: Lúcio.
O mais lindo de tudo, mesmo, foi o brinde final. Absolutamente justo. Na voz da vovó Iná, personagem de Nicete Bruno, uma lição linda. Quase uma poesia...

...Quem teve o privilégio de viver muito sabe que o tempo é um mestre muito caprichoso. Às vezes, as suas lições são tão repentinas que quase nos afogam. Outras vezes, elas se depositam devagar como a conta gotas diante da avidez das nossas perguntas. E, por isso, quem teve o privilégio de viver muito tempo, aprende a olhar com serenidade o turbilhão da vida.
Amores ardentes se extinguem. Urgências se acalmam. Passos ágeis, alentam.


Enfim, tudo muda. Muda o amor, mudam as pessoas, muda a família, só o tempo permanece do mesmo modo, sempre passando.


Um brinde ao tempo que esculpiu no meu rosto e na minha alma a sua marca que tanto me orgulho.

Ao tempo! Ao tempo!"

E o final da novela, não foi nada além do que o tempo mostra. Nem todos mudam (assim como Eva e Vitória, que apesar do tempo, continuaram iguaizinhas). Há feridas que só o tempo cicatriza. E coisas que só o tempo vai colocar no lugar. E momentos que ninguém consegue te explicar,  só o tempo.
Pra fechar com chave de ouro, a voz de veludo da Maria Gadu deu o ritmo das últimas cenas, com a Oração ao Tempo, composição do Caetano.



“(...)Do lado de cá, dois adultos maduros, finalmente libertos daquele fardo pesado, feito de lembranças e sonhos antigos… Porque há sonhos novos do lado de cá da fronteira… E agora podemos viver…" 

"o que usaremos pra isso
fica guardado em sigilo
tempo, tempo, tempo, tempo
apenas contigo e comigo"

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